quarta-feira, 26 de novembro de 2008

A FESTA DO BOM JESUS DE IGUAPE, NO VALE DO RIO RIBEIRA, NO ESTADO DE SÃO PAULO, ENQUANTO MANIFESTAÇÃO ARTÍSTICA POPULAR E ÉTNICA.

MINHA MONOGRAFIA SERÁ POSTADO UM CAPITULO POR DIA

1. INTRODUÇÃO

A Festa do Bom Jesus de Iguape, no vale do rio Ribeira, no estado de São Paulo, enquanto manifestação artística popular e étnica.
Quando ouvimos falar da “Festa de Agosto” despertou-nos curiosidade. O que há de diferente nesta festa, o que ela diferencia das outras festas, como ela iniciou? Por que a população fala tanto nesta festa?
Assim resolvemos pesquisá-la e estudá-la. Levantando dados desde a origem da colonização desta região até os dias atuais, pois só assim constataríamos as características da Festa do Bom Jesus de Iguape. Para estudar esta manifestação popular foi necessário estudarmos o significado mais complexo de cultura, pois ela está presente em todos os povos, transmitida de geração em geração. Mitos, lendas, costumes, crenças religiosas e valores éticos refletem formas de agir, sentir e pensar de uma civilização. Pois muitos padrões culturais de uma dada civilização ou dado sistema não foram criados por um processo nativo, foram copiados de outros sistemas culturais. A esses empréstimos culturais a antropologia denomina difusão. Os antropólogos estão convencidos de que, sem a difusão, não seria possível o grande desenvolvimento atual do povo iguapense.
O homem sendo portador de cultura, por isso ela a cria, a possui e a transmite. Os hábitos, idéias, técnicas, compõem um conjunto, dentro do quais os diferentes membros de uma sociedade convivem e se relacionam. A cultura é uma herança que o homem recebe desde o nascer. Recebendo as influências do meio onde está inserido, quanto mais se integra adquire novos hábitos, capazes de fazer com que se considerem membros dessa sociedade.
A herança cultural não se confunde, com outros agrupamentos sociais. O homem ao nascer recebe duas heranças: a cultural que transmite hábitos e costumes, ao passo que a genética lhe transmite as características físicas ou biológicas de seu grupo humano. Assim ao nascer o caiçara (sociedade da região). Povo esse que nascer e permanece à margem do desenvolvimento intelectual nacional; investigamos sua origem, é do qual povo sob originários, como sob os seus herdeiros, características e costumes foram pontuados e verificados para a pesquisa. Como sob as condições hoje do caiçara contemporâneo, o que sobreviveu. Pois diz que a cultura caiçara está em extinção como conseqüência natural do processo de modernização social e nacional. Na cultura ética constatamos que eles eram indígenas, chegaram portugueses e caiçaras se tornaram.
Relatamos também o estudo feito sobre: a festa em si, as festas brasileiras e principalmente a festa caiçara, com suas tradições e costumes, verificando suas manifestações, mitos e seus ritos.
O simbolismo deste grupo social onde nos levaram a conhecer todas as culturas e aprender a celebrar. A festa não é só contraponto da rotina laboriosa que a mantém a sociedade viva e ordenada; ela estende para além do cotidiano a experiência da vida social. Encontramos os fatores lúdicos e festivos, pois não há cultura que possa dispensar a festa. Foi na festa que nos obrigou traduzirmos e estudarmos a evidencia da diferença e da desigualdade.
A manifestação artística cultural do iguapense foi exaustivamente pesquisada através da sociologia, antropologia e das diferentes linguagens das artes. Verificamos nesta situação festiva o excesso consciente do uso de símbolos: (bandeiras, cores, músicas, uniformes, cantos, dança e dramas) durante as celebrações, essas simbologias dão ênfases, a algo que se pretende viver, ou evidenciar em escala muito rotineira. Na celebração, a comemoração de algo real ou suposta relação entre o homem e a natureza, entre eles sua vida social, entre os homens e seus deuses, seus heróis ou antepassados históricos ou míticos, pois o festejo e seus folguedos fazem com que quase tudo que não é possível ou não e permitido fora deles passe a ser possível.
Pesquisamos a festa estudando padrão estético da manifestação cultural de Iguape, pois esta situação simbólica e a intenção proclamada de sua realização e tudo o que ela tem a celebrar é a experiência da própria vida cotidiana.
A festa quer lembrar e quer ser a memória daquilo que os homens temiam em esquecer e não vivem fora dela. Ela apenas quer brincar com sentidos e o sentimento, deixando capturar vários sentidos, isto resulta de seu caráter mediador que lhe permite realizar várias ligações entre valores e anseios. Todas as festas atualizam mitos, como revivem e colocam em cena a história do povo, contadas com a alegoria de cada grupo, desfilando pela rua as riquezas de suas relações com outros grupos, o privilégio de suas relações com divindades todas que ouvem suas preces e lhe entregam milagres, ele se reconhece. Como se reconhece em força nas massas que caminham por grandes avenidas, empurrando ou carregando seus símbolos de história, empurrando a própria história, em toda sua riqueza, levando e frente suas paixões e suas utopias.
Percebemos que a criatividade é uma capacidade humana que não fica confinada só no território das artes, mas também sendo necessária à ciência e à vida em geral.
Através da estética, filosofamos um novo modo de ver; pois despertou em nós um novo modo de ver a vida, o mundo, a natureza, a arte, o outro, o tudo. Não é um modo de ver propriamente novo, mas que possuímos, e deste exercício todos somos capazes, mas poucos se exercitam; o melhor ver, o melhor ser.
O ser humano necessita da imaginação onde um dos sentidos de criar é imaginar. Onde o imaginar a capacidade de ver além do imediato, e de criar possibilidades novas.
As expressões artísticas dos seres humanos estão inseridas nas manifestações culturais, aí nosso interesse de aprofundar o estado da Festa do Bom Jesus de Iguape. Sendo para isto filosofamos através da estética, analisamos as festas brasileiras, bem como a festa de Iguape. Pois a experiência estética e a experiência da presença tanto do objeto estético como do sujeito que o percebe.
Estética como filosofia define o belo e o sentimento que desperta nos seres humanos, e é esse sentimento a maior forma de expressão artística da Festa de Agosto de Iguape, onde seu povo renova suas energias vitais.
Através da função da arte, o padrão e o aspecto vivenciam os padrões estéticos do Kitsch na maneira em que analisamos a festa foi atribuindo um modelo de espetáculo.
O Kitsch pode ser considerado, como a dimensão do objeto (Festa) se relaciona como ser. A cada manifestação de arte corresponderá um surgimento Kitsch, ele é o gosto do consumidor; e sempre a estética se localiza na ótica do receptor, estando ligado a uma situação da sociedade.
Muitos sonhos começam e são vividos na festa, razões, portanto para que ela seja querida e cresça; crescendo também o orgulho de ser brasileiro, iguapense. Afinal como dizia Cazuza; “a gente quer comida, diversão e arte”.
A gente quer festejar mais um agosto, e rever nosso mito.
Vamos à Festa do Senhor Bom Jesus de Iguape!







2. CULTURA


Todos os povos, mesmo os mais primitivos, tiveram cultura, transmitida no tempo, de geração em geração; onde mitos, lendas, costumes, crenças religiosas, sistemas jurídicos e valores éticos refletiram na forma de agir, sentir e pensar de um povo compondo seu patrimônio cultural.
Em antropologia, a palavra cultura tem muitas definições. Coube ao antropólogo inglês Edward Burnett Tylor, nos parágrafos iniciais de Primitive Culture (1871: A Cultura Primitiva) oferecer pela primeira vez uma definição formal e clara do conceito: “Cultura... é o complexo no qual estão incluídos conhecimentos, crenças, artes, moral, leis, costumes e quaisquer outras aptidões e hábitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
Já o antropólogo americano Melville Jean Herskovits descreveu a cultura como parte do ambiente criado pelo homem; Ralph Sinton, como a herança cultural, e Robert Harry Lowie, como o conjunto da tradição social. No século XX, o antropólogo e biólogo social inglês Ashley Montagu a definiu como o modo particular como as pessoas se adaptam a seu ambiente. Nesse sentido, cultura é o modo de vida de um povo, o ambiente que um grupo de seres humanos, ocupando um território comum, criou na forma de idéias, instituições, artes visuais, linguagens, instrumentos, serviços e sentimentos.
A história da utilização antropológica do conceito de cultura tem origem nessa famosa definição de Tylor, que deu oportunidade a oposição clássica entre natureza e cultura, na medida em que ele procurou definir as características diferenciadoras entre o homem e o animal a partir dos costumes, crenças e instituições, encarados como técnicas que possibilitam a vida social. Tal definição também marcou o início do uso inclusivo do termo, continuando dentro da tradição dos estudos antropológicos por Franz Boas e Bronislaw Malinowski, entre outros. Sobretudo na segunda metade do século XX, esse uso caracterizou-se pela ênfase dada à pluralidade de culturas locais, enfocadas, como conjuntos organizados e em funcionamento, e pela perda de interesses na evolução dos costumes e instituições, preocupação dos antropólogos do século XIX.
O homem é portador de cultura; por isso, só ele a cria, a possui e a transmite. As sociedades animais e vegetais a desconhecem. É um complexo, que forma um conjunto de elementos, inter-relacionados e interdependentes, que funcionam em harmonia na sociedade. Os hábitos, idéias, técnicas, compõem um conjunto, dentro do quais os diferentes membros de uma sociedade convivem e se relacionam. A organização da sociedade, como um elemento desse conjunto, está relacionada com a organização econômica; os dois entre si relacionam-se igualmente com as idéias religiosas. O conjunto dessa inter-relação faz com que os membros de uma sociedade atuem em perfeita harmonia.
A cultura é uma herança que o homem recebe ao nascer. Desde esse momento a criança recebe uma série de influências do grupo em seu meio: as maneiras de alimentar-se, o vestuário, a cama ou rede para dormir, a língua falada, a identificação de um pai e de uma mãe, e assim por diante. À proporção que vai crescendo, recebe novas influências desse mesmo grupo, de modo a integrá-la na sociedade, da qual participa como uma personalidade em função do papel que nela exerce. Individualmente o homem age como reflexo de sua sociedade faz aquilo que é normal e constante nessa sociedade.
Quanto mais nela se integra, mais adquire novos hábitos, capazes de fazer com que se considerem uns membros dessa sociedade, agindo de acordo com padrões estabelecidos.
A herança cultural não se confunde, porém, com a herança genética. O homem ao nascer recebe essas duas heranças: a cultural que transmite hábitos e costumes, ao passo que a genética lhe transmite as características físicas ou biológicas de seu grupo humano. Uma criança nasce numa sociedade caiçara, é levada para São Paulo, passando a ser criada por uma família dos Jardins, está crescerá com todas as características físicas como: cor, cabelo, forma do rosto, em especial a cor da pele da qual ela pertence (povo caiçara). Todavia, adquirirá hábitos, costumes, línguas, idéias, modos de agir da sociedade paulistana, em que se cria e vive.
Além desses hábitos e costumes que recebe de seu grupo, o homem vai ampliando seus horizontes, e passa a ter novos contatos; com grupos diferentes em hábitos, costumes ou língua, os quais farão com que adquiram alguns desses modos, ou costumes, ou formas de agir. Trata-se da aquisição pelo contato. Foi o que se verificou no Brasil no século XIX com modos introduzidos pelos imigrantes alemães ou italianos; o mesmo sucedeu em séculos anteriores, com costumes introduzidos pelos negros trazidos da África, bem como os portugueses vindos de Portugal, desde nosso descobrimento. Tais costumes vãos se incorporando à sociedade e, com o tempo, são transmitidos como herança do próprio grupo.

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